sexta-feira, 16 de março de 2012

A minha aldeia....


a  minha aldeia não é diferente  das outras aldeias.
Todas as aldeias têm o seu encanto.
Bonitas igrejas com os altivos sinos, largos encantadores onde as pessoas se encontram ao final da tarde, fontes refrescantes, majestosas e fecundas arvores, um fugidio ribeiro onde outrora fluía abundante água cristalina, hortas verdejantes de mil cuidados, espaços amplos e mansos cruzados por cintilantes e sonoros pássaros, os jardins de lírios e açucenas, rostos curtidos de ventos e sois com rugas indeléveis que traduzem a dignidade do trabalho e do sonho.
O fontanário deu lugar a uma fonte luminosa de duvidoso bom gosto , o jardim da antiga feira foi remodelado com fundos da Europa , descaracterizando as linhas marcantes do frondoso sitio de outrora.
O alcatrão é avassalador e nosso companheiro desta viagem sôfrega rumo ao consumismo idolatrado.
A história da minha aldeia é um naco da história do nosso pobre país.

 A história da minha aldeia não é diferente da história das outras aldeias.
A verdadeira e importante diferença é que eu não nasci nas outras aldeias.
Na verdade, nem nasci numa aldeia.
Nasci numa cidade .Cresci na aldeia dos meus pais. A minha cidade é do tamanho da aldeia dos meus pais.
A aldeia dos meus pais é do tamanho da minha cidade. Sou da cidade e da aldeia. Sou fruto do desejo de mudança e do sonho .
Da vontade de unir cidade com aldeia, de unir espírito com corpo num só ser.